Vamos falar sobre aborto?
- Guerrilha Urbana
- 28 de set. de 2015
- 3 min de leitura

O aborto parece ser um problema distante até que alguém que você conheça precise dele. Ou melhor, até que sua melhor amiga precise dele, sua vizinha, irmã, filha, mãe ou até a sua avó... Sim, a sua mãe e avó! De acordo com a PNA (Pesquisa Nacional de aborto) realizada em 2010; 15% das mulheres que vivem nas cidades brasileiras já realizaram um aborto. 70% delas estavam em uma relação estável. 60% Fizeram seu último (ou único) aborto entre 18 e 29 anos, mas principalmente, entre 20 e 24 anos. 15% das entrevistadas que já fizeram um aborto são católicas, seguidas de 13% protestantes ou evangélicas, e por fim 18% sem religião. É muito comum questionamentos, como: “não usou camisinha por quê?” “tem anticoncepcional na UBS”, “usa o DIU” . A questão não é qual método contraceptivo é mais eficaz, e sim, a mulher DECIDIR se ela quer interromper a gravidez ou não! Não sejamos tolos, não existe método anticoncepcional 100% seguro. Mesmo aqueles que são considerados mais seguros, como por exemplo o DIU (dispositivo intra-uterino) e as tradicionais pílulas, podem apresentar falha. O aborto é ilegal, mas as mulheres não deixam de realizá-lo. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), ocorrem anualmente, 1 MILHÃO de abortos clandestinos no Brasil. 250 mil são internadas no SUS por complicações após o procedimento. A cada 2 dias uma brasileira morre por aborto inseguro. O efeito da interrupção clandestina no Brasil é de 1 a 3 anos de cárcere ou na maioria dos casos a morte. Ainda de acordo com a Pesquisa Nacional de Aborto, 50% das mulheres que fizeram um aborto, optaram por algum tipo de medicamento, entre o mais comum o Misoprostol, mais conhecido como CYTOTEC. A venda desse medicamento no Brasil é considerado crime hediondo. Apesar de ilegal, a venda é indiscriminada. Pesquisando no Google, encontrei diversos sites que vendem esse medicamento, e prometem até “95% de eficiência”. Por email entrei em contato com um vendedor que se identifica como “Fábio Cyto”. O remédio é caro. Apenas UMA unidade de Cytotec sai por R$200 reais. Caso você queira 16 unidades + um RU (no qual ele informa que essa combinação é 95% eficaz) terá que desembolsar R$1450,00 reais! Sem nenhuma garantia... Aliás, a entrega é feita via Sedex. Para quem opta pelo aborto cirúrgico (clandestino) pagará entre Mil reais a R$7.500 (ou com a vida) dependendo do tempo de gestação ou idade da “paciente”. O desespero das mulheres diante de uma gravidez indesejada é lucro para os criminosos. As mulheres com melhores condições financeiras conseguem alternativas privadas para a interrupção da gravidez indesejada. Porém, quanto mais pobre a mulher, mais risco ela corre... O aborto para elas é a ÚNICA solução. O acesso a clínicas e medicamentos são difíceis. A tesoura, cabide ou algum objeto pontiagudo para enfiarem na vagina e provocar o aborto é muito mais acessível. Devemos exigir que o Estado pare de tratar o aborto como um problema judicial. Que a sociedade pare de tratar como algo “antiético” e “imoral”, criminalizando as mulheres. O aborto tem que ser tratado como uma questão de Saúde Pública, milhares de mulheres morrem anualmente. Em sua maioria , pobres e negras, um retrato socioeconômico. Essas mulheres tem nome, cor, família e filhos. O que pedimos não é nada pavoroso ou inédito. Nos Estados Unidos (país que muitos brasileiros vangloriam) o aborto é LEGAL em todos os estados desde 1973; no Uruguai, Cuba, Itália, Reino Unido, Bulgária, Holanda, Bélgica, entre outros países (pesquisar Google), o aborto também é legalizado. E a taxa de mortalidade decorrentes à interrupções da gestação é muito baixa , além da queda no número de interrupções após a descriminalização. Chega de mulheres mortas por abortos clandestinos. Exigimos o direito ao aborto, seguro e gratuito. Exigimos educação sexual para escolher. Pela legalização do aborto! Pela vida das mulheres! Referências: NUDEM (Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Estado de São Paulo) PNA (Pesquisa Nacional de Aborto, 2010) OMS Brasil (Organização Mundial da Saúde) Dr. Drauzio Varella Católicas pelo Direito de Decidir Lista de Golpistas do Cytotec: http://www.abortivo.org/pt/golpistas-do-cytotec/
Comments